pedagogia

Para catequizar é preciso ser catequizado


Alguém pode imaginar uma pessoa grosseira e mal-educada no papel de educador? Transmitindo conceitos de boa educação, de cortesia?
Certamente que não! Somente será um bom educador quem é bem educado, quem assume como seus os valores do bom relacionamento entre as pessoas e os põe em prática no seu dia a dia.
Assim, também o catequista deve ser uma pessoa que amadureceu na fé, que compreendeu e assumiu os valores cristãos na própria vida, que dá testemunho do Evangelho com as suas ações cotidianas. Alguém que é comprometido com a causa do Reino e se coloca a serviço da sua construção.
Um catequista que não sabe dar razão da própria fé, não é um bom educador.
O catequista tem que se dedicar constantemente a aprofundar a própria identidade cristã, buscando o “por que?” da sua fé, descobrindo a meta da sua caminhada e o objetivo de fazer esse caminho. Por isso sua formação deve ser contínua e permanente.
O “Ser Cristão” tem que ter coerência na vida do catequista, pois do contrário, sua mensagem será vazia de sentido, apenas palavras jogadas ao vento.

Mostrar a saída é condenar a se perder

Quando o catequista se reveste de “sumo sabedor” ou de “dono da verdade” ele pensa que catequizar é dar todas as respostas, mostrar as saídas.
No entanto, quando o catequizando não vivencia as descobertas, não se depara com os desafios, não busca soluções, ficando como mero expectador-ouvinte, ele perde o interesse e deixa cair no esquecimento o que lhe foi transmitido.
Não se pode culpar os catequizandos pela falta de “atenção”, é preciso rever o quanto nós, catequistas, estamos lhes dando a oportunidade de descobrirem o caminho que leva a Deus.
O catequista não pode ser como um GPS, que vai mostrando todo o percurso, pois quando ficar sem seu “GPS” ele não saberá por onde seguir.
Ele deve apenas dar o endereço, deixando que o catequizando descubra os vários caminhos a seguir, quais a dificuldades de cada um, qual a distância a percorrer para alcançar seu objetivo e possa escolher o que for melhor.
Somente quem faz a experiência de desbravar os caminhos está capacitado para sobreviver em outras situações semelhantes. O Catequizando tem que conquistar a sabedoria, ser o autor do seu crescimento, pois só assim saberá viver como cristão.

Questionar para fazer enxergar

Um dos componentes mais importantes nos métodos catequéticos é a visão da realidade. No método da Catequese Renovada,
“Ver-Julgar-Agir-Avaliar-Celebrar”, o “Ver” é o ponto de partida para todo o processo. Mas também em outros métodos, mesmo que não seja o ponto de partida, o “ver” é essencial.
O Catequizando tem que enxergar a realidade que o cerca, o contexto sócio-econômico-cultural no qual está inserido para, iluminado
pela palavra e pelos valores cristãos, perceber o que não está conforme a vontade de Deus e qual é o próprio papel na transformação da realidade.
Para que isso aconteça, o catequista deve ser um questionador, um perguntador, que abre espaço à curiosidade e faz ir em busca de respostas.
Lançar desafios, solicitar pesquisas, apresentar situações para serem solucionadas, propor a comparação entre fatos semelhantes que tenham finais diferentes, enfim usar sempre uma linguagem questionadora para propiciar ao catequizando enxergar com os próprios olhos a realidade e o que nela exige conversão.

O mais importante: saber ou viver

Sempre há, nos grupos de catequistas e até mesmo nas famílias, a preocupação em saber o que se aprendeu na catequese.
Há mães que muitas vezes chegam à comunidade e dizem que seus filhos não aprenderam nada, pois ainda não sabem nem mesmo dizer as orações cotidianas de cor.
Avaliar o processo educativo da fé pelo que se conseguiu “decorar”, isto é, gravar na mente e repetir sem erros, é um grande equívoco. O que transforma a vida não é o que fica na memória, mas o que move o coração.
Uma criança pode ter dificuldade para rezar o “Pai Nosso” sem trocar frases ou esquecer palavras, mas deve demonstrar o seu amor a Deus por gestos e ações; ser acolhedora com os companheiros; partilhar seus objetos e brinquedos; saber perdoar e pedir perdão com humildade. Dessa forma, ela não “sabe” o Pai Nosso, mas “vive” o Pai Nosso.
De que adianta saber corretamente, na ordem em que se apresentam os Dez mandamentos, se eles não são vividos no dia a dia?
A catequese tem que ter por base a vivência da fé e não a memorização dos conceitos e doutrinas. A assimilação do conteúdo da fé será tanto mais eficaz quanto mais ele for compreendido e posto em prática.
Aquele que demonstra no seu agir a conversão do próprio coração, esse foi bem catequizado.

As diversas linguagens na Catequese

A catequese não se resume a ministrar conhecimento. Ela é um processo de educação da fé onde o protagonista deve ser o educando, isto é o catequizando.
Nesse processo, quanto mais linguagens forem usadas para expressar o que é transmitido, maior será a compreensão e a fixação da mensagem. Assim, os catequistas devem buscar diferentes formas de expressão tanto para transmitir a mensagem, quanto para que os catequizandos possam gravá-la melhor.
Para transmitir uma mensagem, o catequista pode usar a encenação, a contação de história, o teatro de fantoches, as dinâmicas que possibilitam uma visão mais lúdica.
Para ajudar os catequizandos a gravar o que foi transmitido, o catequista deve solicitar que esses se expressem de forma criativa, isto é, por meio de linguagens diferentes. Ex.: por meio de uma poesia; fazendo uma versão de música conhecida; fazendo um desenho ou pintura que seja expressão da mensagem; montando um painel de notícias que expressem o sentido da mensagem; fazendo uma encenação; contando uma história cujo tema esteja ligado à mesma; passando o que entendeu com a mímica.
As linguagens lúdicas ajudam a gravar a mensagem e consequentemente a interpretá-la na vida.


 

 

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